terça-feira, 27 de outubro de 2009

Descalvado é uma cidade rica!

Não preciso dizer que Descalvado tem a maior concentração de bebuns por metro quadrado do país, porque seria redundante.

É assim mesmo.

Cidade pobre, pequena, sem emprego... por isso que vim para São Paulo ... como ficaria famoso por lá?

A melhor maneira que os homens têm para aparecer e se auto-afirmar é enchendo a cara, mesmo fiado, pois que dindim raramente dá as caras por aquelas bandas.

E as mulheres, quase sempre abstêmias, para não fugir à regra, passam a vida reclamando dos seus homens porque bebem.

Naquela noite, na igreja dos crentes, apareceu um bêbado. Pessoa estranha nas redondezas. Franzino, unhas grandes, olhos vermelhos, cabelos desgrenhados, roupa suja, barbicha crescida e, como qualquer bêbado que se preza, trançando as pernas. O pastor, doido para conseguir fama e defender uns trocados a mais, conquistando novos fiéis, diz pras suas nove ovelhas:

- Irmãos! Deus de qui vi esse home, fiquei arripiado... Ele tá co diabo!
- Amém! Aleluia! – responderam todos.

O bêbado, que tava era muito cansado, não quis conversa. Foi logo se esparramando no banco da frente, doido por um cochilo.

- Vamo expursá o demo deste infeliz, meus irmão?
- Amém! Aleluia!
- Se acheguem pra perto!

Fizeram roda em torno do recém-chegado que já dormia. Dois irmãos pegam-no pelos braços e, um terceiro, pelas pernas, obrigando-o a se levantar. O pastor joga-lhe um copo de água fria – que dizia ser benta – no rosto.

- Ordeno, santanás! Deixa em paz esse pobre coitado! Arreda pra lá, trem! Disaloja!
- Amém! Aleluia, irmão!

O bêbado consegue abrir um olho, na maior má vontade e, sem entender a fria em que se metera, só gunguna:

- Hã?!...
- Santanás! Vai pro teu mundo e abandona essa pobre alma!...
- Amém! Aleluia, irmão!

O bêbado vê seus brios feridos e acha que estão passando dos limites. Abre os dois olhos bem arregalados, macho por estar sendo subjugado por dois irmãos dos mais nutridos e grita, em linguagem da classe bebum, toda cheia de finesse:

- Larga deu, cambada de fedaputa! Hic!... Vai pros quinto dos inferno! Hic!...

Calafrio geral na igreja. As cinco irmãs tapam os ouvidos, escandalizadas, enquanto o pastor, com a bíblia encardida na mão esquerda, força, com a direita, a cabeça do bêbado para baixo e também grita, acertando no substantivo, mas errando no verbo :

- Satanás! Disaloja daqui! Disaloja, já! Vamo! DISALOJA!

O bêbado, puto da vida com tanta insistência, já pronto até a se converter para ter sossego e curtir seu sono, entrega os pontos.

- Ta bão! Hic!... Intão eu vô dizê! Mas despois cêis me deixa em paz! Hic! Pode sê quarqué uma?
- Disaloja, satanás! Disaloja já! Disaloja! Disalooooooooja! - gritava, com toda a força dos pulmões, o pastor.

- Intão tá! Óiqui, vô dizê umas, hic... Loja Pernambucana, Lojas Americana, hic, Loja Arapuã, Casa Sirva... Tá bão? Taí! Já disse as loja! Agora quero drumi! Amém! Aleluia! Inté! Hic!...

(inspirada em Causos de Tabuí)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Breve história de um jovem músico frustrado

Texto extraido de http://ounaao.blogspot.com/ - Me identifiquei demais com essa história. Me lembrei lá de Descalvado quando minha vó me batia com a vassoura para eu parar de tocar o "instrumento do demônio" dela. Aquele violão era foda! Mas ainda prefiro meu Tonante ... e viva minha Cynar

Segue história:

"Sempre gostou de música. Sim, isso é inegável, e até um tanto quanto inusitado já que não havia casos registrados de músicos em sua família, enfim, sempre foi um pouco diferente. Por não haver músicos na família seu contato com instrumentos foi difícil, muito difícil. Com seus 10 anos resolveu tomar posse de um velho violão de sua tia, não que ela tocasse, que estava entregue às traças, pode se dizer que foi até um favor o que ele fez e, salvar o belo instrumento, pois era um lindo violão, tinha um fundo negro, sua frente era toda desenhada e feito de uma madeira muito boa, era definitivamente lindo!

Então começou a fazer aulas, cuja as frequentava duas vezes por semana, eram aulas onde só frequentavam crianças, ele até ia bem, era um garoto dedicado, sempre estudando e torturando sua mãe, que era obrigada a aguentar o pimpolho estudando seu repertório com clássicos do cancioneiro popular como "Marcha soldado", " Capelinha de melão", "Baile dos passarinhos" e por ai vai. Era uma verdadeira tortura com a pobre senhora!

E ela ainda achava que o menino levava jeito, sem contar que havia virado atração principal nos encontros de família, tocando para a vovó e a titia. O tempo foi passando e o violão ficou pra trás. Agora ele queria ousar, lá pelos seus 12 anos acabou entrando na onda do primo "ovelha negra" da família e entrou numa vibe Heavy metal, ficou cabeludo e começou a usar só roupas pretas, agora ele era do mal.

Chegou até a montar uma banda, que (acredite se quiser) juntos nunca tocaram uma música nem um ensaio, só que tudo por um motivo simples: ninguém tocava NADA! fato que nunca os impediu de dizer que tinham uma banda, afinal a esperança é a última que morre ( ou a única que morre) e os garotos permaneciam unidos em um só objetivo, nunca levado a sério. Já estava até desistindo da idéia de ser músico até que apareceu uma banda. Era tudo o que ele estava esperando nesses anos todos, era chegado a hora de usar todo seu conhecimento musical e de mostar todo seu talento!! I

sso porque agora ele era membro da Banda Marcial da escola tocando trombone!!! Podemos dizer que estava no fundo do poço, ou não, afinal quantas pessoas você conhece que toca trombone? Aliás, você sabe o que é um trombone? Talvez esse seja o glamour, se é que existe algum glamour, em tocar um trombone, um instrumento exótico, que poucos dominam (ou se interessem), mas a verdade é que todos se impressionam. Bom, mas ele não escolheu o trombone, digamos que foi "convidado" pelo maestro a tocar, pois se pudesse escolher, certamente não seria o trombone.

Mais ele encarou, pegou o bocal e logo de cara saiu tocando a metalera, e não diferente das aulas de violão ele se dedicava ao seu novo instrumento, talvez porque cada vez que errava uma nota levava um cascudo do maestro/professor, e a música principal da banda era "la bamba", foram quatro anos de "la bamda" desfilando nos aniversários da cidade, nesses 4 anos a banda trocou de maestro 3 vezes, ninguém conseguia fazer aquela várzea tocar, mais ele sempre esteve lá, firme e forte segurando o naipe de trombones, muitas vezes formado apenas por ele mas sempre dando conta de tucar suas partes, e acabou ganhando um status de músico de verdade.

Estava realizado! Já podia morrer feliz.

Finalmente ele era reconhecido, mesmo não tocando nada, mesmo sem nenhuma técnica, mesmo tocando numa banda de fundo de quintal, mas ele era feliz com aquilo, muito feliz. Sim, esse realmente ama a música, se sacrifica por ela, se dedica. Talvez porque como diria Nietzsche, "a vida sem música seria um erro".

Talvez ele largue o seu velho amigo trombone, ou talvez continue tocando e quem sabe até não consiga realmente tocar aquilo de verdade, pelo menos ele tentou e certamente vai continuar tentando. "

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Piadas de Bêbado (antigas mas ainda boas)

O bêbado, no ponto do ônibus, olha pra uma mulher e diz:
- Você é feia hein?
A mulher não diz nada. E o bêbado insiste:
- Nossa, mas você é feia demais!
A mulher finge que não ouve. E o bêbado torna a dizer:
- Puta merda! Você é muito feia!
A mulher não se agüenta e diz:
- E você é um bêbado!
- É, mas amanhã eu melhoro...

Então ele subiu no ônibus. Logo na roleta, cambaleando, ao cobrador diz:
- Se meu pai fosse um gato e minha mãe uma gata, eu seria um gatinho!
E continua:
- Se meu pai fosse um cachorro e minha mãe uma cachorra, ai eu seria um cachorrinho!
E mais:
- Se meu pai fosse um touro e minha mãe uma vaquinha, ai eu seria um bezerrinho!
O cobrador, nervoso, pergunta:
- E se o seu pai fosse um viado e sua mãe uma puta?
- Ai eu seria cobrador de ônibus!

Saindo da roleta, o bêbado grita:
- Hoje eu quero comer um cu!
Todos os passageiros olham assustados para ele, que diz:
- Calma gente, eu só quero um.

Já na parte de trás do ônibus, grita de novo.
- Do lado direito todo mundo e corno! Do lado esquerdo todo mundo é viado!
Ao ouvir isto, levanta um negão do lado esquerdo e fala:
- Eu não sou viado !!!
E o bêbado responde:
- Então muda de lado que não gosto de confusão !!!

A partir desse momento os passageiros começaram a xingar o bêbado e ameaçando cobri-lo de porrada. O motorista, para evitar confusão, freia bruscamente e todos caem. Um dos passageiros se levanta, pega o bêbado pelo colarinho e pergunta:
- Fala de novo, safado. Quem é corno e quem é viado?
- Agora eu não sei mais. Misturou tudo!

Ele então desce do ônibus, entra em uma igreja, o padre, viu aquele bêbado entrando e resolveu dar o sermão:
- Irmãos, quem não for a favor da bebida que se sente agora!
Todos se sentaram e o Bêbado gritou:
- Oh seu padre, Só nós dois heim!?

Ao sair do boteco, todo embriagado, o bêbado andando na rua, toca o interfone de uma casa e pergunta:
- Seu marido taí?
Uma mulher responde:
- Está, quem quer falar com ele?
- Xá pra lá, brigado.
Chega em outra casa e toca o interfone novamente:
- Seu marido taí?
Outra mulher responde: - Está no banho, quem quer falar...
- Brigaaaaaado, pooooode deixar.
Na outra casa...
- Bom dia, seu marido taí?
- Está... vou chamá-lo...
- Não, não é preciiiiiiso, responde o bêbado.
- Na outra casa:
- Oi, seu marido taí?
A mulher responde:
- Não, mas já deve estar chegando.
O bêbado responde:
- Então, faz favor, olha aqui pra fora e vê se sou eu!!!

Tempos depois consegue lembrar aonde é sua casa com muito custo. Abre a porta e vai correndo para o banheiro. Assustado, corre para o quarto e acorda a mulher:
- Ô muié... Essa casa ta mal assombrada!
Eu abri a porta do banheiro e a luz acendeu sozinha.
Depois, fechei a porta e a luz apagou sozinha....
A mulher, puta da vida, grita:
- Filho da puta!!! Você mijou na geladeira de novo!!!

Enxotado de casa pela mulher, que não tava a fim de dormir cheirando bafo de pinga, vai a um beco, acaba dormindo no chão e tem o relógio roubado. No dia seguinte, já curado da manguaça, ao andar pela rua, vê um cara usando o seu relógio, e se aproxima dele dizendo:
- Hei, cara, esse relógio é meu!
- Que seu que nada. Esse relógio eu peguei de um bêbado que eu comi ontem lá no beco.
- Tem razão, não é meu mesmo. Mas que parece, parece!!!